Águia-perdigueira do País Basco chegou ao estuário do Tejo
Para quem tem apenas alguns meses de idade, Leo já teve uma vida bem viajada. Um macho de águia-perdigueira nascido em França, Leo, foi levado para Álava, no País Basco, onde foi libertado juntamente com 3 outras crias e um juvenil com um ano de idade. Sendo o mais pequeno das cinco águias-perdigueiras libertadas, Leo foi o último a abandonar o ninho. Inicialmente, o pequeno ia até à beira do ninho, mas recusava-se a voar. Uma das suas “irmãs” (outra das crias libertadas com ele) voava até à borda do ninho, como que a incitar Leo a dar o salto. Tomado esse “passo” importante, no dia 22 de agosto Leo fez um voo de treino – aquilo a que os biólogos chamam um movimento exploratório pré-dispersivo – de 215km até Palencia.
Uma semana mais tarde, Leo voou para sudoeste e seguiu o rio Tejo até ao estuário. A equipa do projeto internacional Aquila a-Life,
que o está a seguir por GPS, contactou a SPEA para obter mais
informação sobre o local onde o Leo estava e saber se estava a explorar
um local seguro. Na verdade, o estuário do Tejo é uma zona popular para
águias-perdigueiras. Segundo o Grupo de Trabalho em águia-de-bonelli (GTAB)
da SPEA, aos 5 casais reprodutores que vivem na zona juntam-se
frequentemente juvenis como Leo, em fase de dispersão que abandonam o
seu território de nascimento e partem em busca de nova casa. O estuário
em si, bem como os seus afluentes são zonas importantes para estas aves,
que aqui encontram alimento em abundância. Infelizmente, a resposta do
grupo de trabalho da SPEA à equipa espanhola incluiu uma ressalva:
apesar de Leo ter escolhido uma região com boas condições, já foi
identificada na zona uma linha elétrica perigosa, onde o ano passado
morreu eletrocutada uma das águias juvenis seguidas pelo projeto
espanhol Life Bonelli. |  Imagem: projeto Aquila-a-Life
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Mas a equipa portuguesa enviou também mais umas fotos para o “álbum de família” de Leo. Uma observadora de aves fotografou recentemente uma águia-perdigueira juvenil com um transmissor de GPS na região. Apesar de a observadora não ter conseguido ver a anilha que confirmaria a identidade da ave, tudo indica que é realmente Leo. A ave parece corresponder à descrição de Leo, o GPS da águia era idêntico aos usados pela equipa do Aquila a-Life, e os dados do transmissor de Leo indicam que ele estava naquele local. | Foto: Helena Cohen
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Tanto a equipa espanhola como a portuguesa vão continuar a seguir o Leo, a ver se se fixa no estuário do Tejo – onde poderá até encontrar parceira, quem sabe junto de uma fêmea, ainda sem par, que se fixou na zona em 2017.
Seja qual for o destino final, a viagem de Leo até ao momento realça a importância de os projetos de conservação saltarem as fronteiras que apenas as leis dos homens reconhecem. Projetos transfronteiriços – como o Life Rupis – dão importantes contributos para proteger estas aves que voam grandes distâncias e por vários países, e a comunicação entre projetos em casos como o de Leo permite alargar substancialmente os conhecimentos sobre os hábitos e movimentos da espécie. |
 Foto: Helena Cohen
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Foto de abertura: Leo (o mais branco, no meio da foto) com os seus "irmãos". Christian Pacteau
21 de setembro de 2018
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